A gamma-glutamil transferase (GGT) é uma enzima principal envolvida no metabolismo do glutationa e é amplamente utilizada como biomarcador para a função hepática. Um nível elevado de GGT é frequentemente um indicador precoce de estresse ou lesão hepática e pode estar associado a condições como dano hepático induzido por álcool, doença hepática gordurosa não alcoólica, colestase e outros distúrbios hepatobiliares. A seguir, estão alguns medicamentos e produtos farmacológicos comumente utilizados para tratar os níveis elevados de GGT.

Compreendendo o aumento da GGT
A GGT (gamma-glutamil transferase) é uma enzima que catalisa a transferência do grupo gamma-glutamil do glutationa para aminoácidos ou outros peptídeos. A GGT desempenha um papel crucial na manutenção dos níveis intracelulares de glutationa — um antioxidante crítico que protege as células hepáticas de danos oxidativos. Em condições normais, a GGT está presente em baixos níveis no sangue; no entanto, quando as células do fígado são danificadas ou quando há colestase (impatência do fluxo biliar), os níveis de GGT podem aumentar significativamente.
A GGT elevada é frequentemente observada em uma variedade de distúrbios hepáticos. Os mecanismos que levam ao seu aumento incluem:
- Estresse oxidativo: Radicais livres em excesso podem danificar os hepatócitos, provocando um aumento na liberação de GGT.
- Inflamação: Processos inflamatórios no fígado podem estimular a liberação da enzima.
- Obstrução do ducto biliar: Condições que causam colestase resultam em aumento da produção e liberação de GGT.
- Toxicidade alcoólica: O consumo crônico de álcool pode induzir lesão hepática, manifestando-se como aumento da GGT junto com outras enzimas hepáticas.
Como usar medicamentos para tratar níveis elevados de GGT
Focando nas causas subjacentes
O aumento da GGT raramente é um fenômeno isolado; normalmente, é um marcador de disfunção hepática mais ampla. Portanto, o plano terapêutico deve se concentrar em tratar a patologia subjacente, em vez de normalizar apenas os valores de GGT. Por exemplo, em pacientes com lesão hepática induzida por álcool, é fundamental abordar o consumo de álcool, enquanto na doença hepática gordurosa não alcoólica, fatores de risco metabólicos, como resistência à insulina, devem ser manejados.
Objetivos terapêuticos
Ao considerar o uso de medicamentos para abordar a GGT elevada, os principais objetivos são:
- Reduzir a inflamação hepática e o estresse oxidativo: Minimizar danos celulares e restaurar os níveis normais da enzima.
- Aumentar a função hepatobiliar: Apoiar os processos de desintoxicação do fígado e a produção de bile.
- Prevenir a progressão da doença: A intervenção precoce pode ajudar a evitar a progressão para cirrose ou outras condições hepáticas graves.
- Melhorar os resultados clínicos globais: Reduzir a morbidade gerenciando tanto o sintoma (GGT elevada) quanto suas causas raízes.
Revisão de produtos farmacêuticos
Alguns medicamentos têm sido investigados por sua capacidade de melhorar a função hepática e reduzir os níveis de GGT. Aqui, revisamos alguns dos agentes farmacológicos mais estudados.
Agentes hepatoprotetores
Ácido ursodeoxicólico (UDCA)
Alguns nomes de medicamentos comuns: Actigall, Urso, Urso Forte
O UDCA é um ácido biliar que mostrou prometedor em melhorar o fluxo biliar e reduzir os níveis de enzimas hepáticas em várias condições colestáticas.
O UDCA protege os hepatócitos estabilizando as membranas celulares, reduzindo a toxicidade biliar e exercendo um efeito anti-inflamatório.
Estudos demonstraram que o UDCA pode reduzir os níveis de GGT em condições como colangite biliar primária e outras doenças hepáticas colestáticas. O UDCA é geralmente bem tolerado; o desconforto gastrointestinal é o efeito colateral mais comum.
Indicações e limitações: Embora seja eficaz em distúrbios colestáticos específicos, o papel do UDCA em doenças hepáticas não colestáticas é menos claro, e sua eficácia pode variar dependendo da etiologia da GGT elevada.

Silymarina (extrato de cardo mariano)
Alguns nomes de produtos comuns: Legalon, Siliphos
A silymarina, derivada da planta cardo mariano, é bem conhecida por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
A silymarina ajuda a eliminar radicais livres, estabilizar as membranas celulares e promover a regeneração de hepatócitos danificados.
Vários estudos clínicos sugerem que a silymarina pode reduzir o estresse oxidativo e baixar os níveis de enzimas hepáticas, incluindo GGT, particularmente em pacientes com lesão hepática leve a moderada.
Uso: Frequentemente utilizada como terapia complementar, os benefícios da silymarina são maximizados quando combinados com modificações no estilo de vida.
Antioxidantes e removedores de radicais livres
N-acetilcisteína (NAC)
Alguns nomes de medicamentos comuns: Mucomyst (principalmente para uso inalatório), Acetadote (para administração intravenosa)
A NAC é um precursor do glutationa – um antioxidante intracelular chave que desempenha um papel crítico na desintoxicação.
Ao reabastecer os estoques de glutationa intracelular, a NAC ajuda a mitigar o estresse oxidativo e restaurar a função hepatocelular.
A NAC é amplamente utilizada no manejo da toxicidade por acetaminofeno e mostrou benefícios na redução de danos oxidativos em doenças hepáticas crônicas, levando a uma possível diminuição dos níveis de GGT. Este medicamento geralmente é bem tolerado.
Vitamina E
A vitamina E é outro potente antioxidante que tem sido estudado por seu papel na proteção do fígado.
Esta vitamina atua neutralizando radicais livres e reduzindo danos oxidativos às células hepáticas.
Estudos, particularmente em pacientes com doença hepática gordurosa não alcoólica, demonstraram que a suplementação de vitamina E pode melhorar a saúde do fígado ao afetar positivamente as enzimas hepáticas, como a GGT.
Cuidado: Embora a vitamina E seja benéfica em certos grupos de pacientes, altas doses podem causar um aumento do risco de sangramentos ou outros efeitos adversos.
Estatinas e agentes sensibilizantes à insulina
– Estatinas: Embora sejam principalmente utilizadas para tratar dislipidemias, as estatinas podem ter um efeito hepatoprotetor moderado em pacientes com síndrome metabólica, levando potencialmente a uma redução dos níveis de GGT.
– Agentes sensibilizantes à insulina: Medicamentos como metformina e pioglitazona são frequentemente utilizados no manejo da doença hepática gordurosa não alcoólica, melhorando a resistência à insulina. Esses agentes podem indiretamente levar à redução dos níveis de GGT ao mitigar o estresse metabólico no fígado.
Terapias emergentes e abordagens combinadas
Pesquisas recentes estão explorando novos alvos, incluindo agentes que modulam citocinas inflamatórias ou aumentam a autofagia, para abordar lesões hepáticas em nível celular. Terapias combinadas que integram antioxidantes, medicamentos hepatoprotetores e reguladores metabólicos podem oferecer benefícios sinérgicos para a redução dos níveis de GGT.
Diretrizes de tratamento
Diretrizes para o tratamento de anormalidades nas enzimas hepáticas:
- Avaliação holística: O tratamento deve ser adaptado à etiologia subjacente, em vez de se concentrar apenas na redução da GGT.
- Abordagens combinadas: Modificações no estilo de vida, incluindo mudanças na dieta e abstinência de álcool, são recomendadas juntamente com a farmacoterapia.
- Monitoramento: Acompanhamento regular com testes de função hepática para avaliar a eficácia do tratamento e ajustar a terapia conforme necessário.
O manejo efetivo do nível elevado de GGT começa com uma avaliação abrangente do paciente:
- Histórico e exame físico: Um histórico detalhado do paciente deve avaliar a ingestão de álcool, uso de medicação e exposição potencial a hepatotoxinas. Um exame físico completo pode identificar sinais de disfunção hepática.
- Exames laboratoriais: Testes de função hepática basais, incluindo GGT, alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST), fosfatase alcalina e níveis de bilirrubina, são essenciais. Testes adicionais podem incluir estudos de imagem ou avaliações de fibrose em doenças hepáticas crônicas.
Passos para o tratamento com medicamentos:
1. Identificar a causa subjacente: Determinar se a GGT elevada é devido ao álcool, síndrome metabólica, colestase ou outras etiologias.
2. Iniciar modificações no estilo de vida: Aconselhar os pacientes sobre a redução da ingestão de álcool, melhoria da dieta (por exemplo, dieta mediterrânea) e envolvimento em exercícios regulares.
3. Selecionar medicamentos:
- Para condições colestáticas: Considerar o UDCA como primeira escolha.
- Para lesões relacionadas ao estresse oxidativo: Considerar a suplementação de NAC ou vitamina E.
- Para doença hepática metabólica: Avaliar o uso de estatinas ou agentes sensibilizantes à insulina, especialmente em pacientes com doença hepática gordurosa não alcoólica.
4. Dosagem e administração de medicamentos: Seguir diretrizes comprovadas de dosagem de medicamentos. Por exemplo, o UDCA é geralmente administrado em doses variando de 13 a 15 mg/kg/dia, enquanto a dosagem da NAC pode variar conforme seu uso em condição aguda ou crônica.
5. Monitorar a resposta: Reavaliar as enzimas hepáticas em intervalos regulares (por exemplo, a cada 3–6 meses) para avaliar a melhora e ajustar o tratamento conforme necessário.